Isabel Gomes - empresária Divulgação

Por Isabel Gomes*
A cidade agoniza em meio à pandemia do coronavírus, empresas fecharam, queda de usuários de transportes, só por aí, já dá para ter uma ideia do baque do potencial da Cidade Maravilhosa. Mas empresas sobrevivem a esse caos e travam uma guerra para renascer e devolver à população o orgulho de ser carioca. Mas parte dos problemas registrados não se deve só à pandemia, mas também à falta de serviços públicos em todas as regiões, que sofrem com a falta de segurança, desordem urbana, e o assustador aumento de moradores em situação de rua que ocupam espaços públicos e afins por todo o Rio.

Mas é possível vislumbrar luz no fim do túnel. Haja vista poder entrar e saborear as tentações da Casa Cavé, com 161 anos, é a doceria mais antiga do Rio. Foi aberta em 5 de março de 1860, na Rua Sete de Setembro, no Centro. Fundada por um francês, a arquitetura marcante possui influência de diversos países, com lustres, vitrais e vidros franceses; cadeiras e mesas projetadas por Cólon, um espanhol que residia no Brasil; e luminárias brasileiras.

Nos áureos tempos, até o ex-prefeito Pereira Passos, era habitué da casa, assim como o ex-presidente Juscelino Kubitschek. O que dizer de personalidades emblemáticas como Olavo Bilac, Chiquinha Gonzaga, o poeta Drummond de Andrade e Tarsila do Amaral, se deliciando com as guloseimas da Casa Cavé? Entrar nela, é voltar ao passado, reviver um pouco do Rio Antigo. Mas o principal é degustar sabores históricos.

Outra icônica empresa resiste ao tempo e toda sorte de intempéries. Quem nunca já usou os produtos da Granado? Os mais antigos vão falar com propriedades. Aberta em 1870, até hoje traz um ar nostálgico. Em seus primórdios, a pharmacia – era assim que se escrevia – com PH, manipulava produtos com extratos vegetais de plantas, ervas e flores brasileiras, cultivadas em Teresópolis. Sua qualidade também ganhou a nobreza. Em 1880, Dom Pedro II, conferiu à Granado o título de Farmácia Oficial da Família Imperial Brasileira. E hoje, contabiliza 151 anos de pura vitalidade.

Comparado aos panteões, o Palácio da Ferramenta é o caçula, acaba de completar 50 anos. Vejam só, estão firmes e fortes em três endereços no Centro do Rio. Onde se destacam, com diversificados produtos, grande variedade de máquinas, material elétrico, parafusos, dobradiças, tintas, pisos, entre outros. Com em torno de 30 mil itens, é uma variedade considerável. E mesmo com restrições nos horários de funcionamento, limitando vendas, conseguiu blindar seus funcionários.

Destarte, as evidências mostram o quanto difícil é manter um negócio ativo, citando apenas alguns estabelecimentos simbólicos, a longevidade e gestão dessas empresas engrandece o Rio. A palavra Resistência resume bem, que ainda há motivos para comemorar e acreditar. Ainda vamos cantar o Rio de Janeiro continua lindo.
*É empresária e dona de comércio no Centro do Rio